O Governo do Amapá participa, a partir desta quarta-feira (8), do evento “Diálogos Ameríndios: Amapá e Guiana Francesa rumo à COP30”, que segue até sexta-feira (10) no Ceta Ecotel, em Fazendinha, Macapá. O encontro reúne lideranças indígenas, representantes de instituições e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira e da Guiana Francesa, com o objetivo de aprofundar a cooperação transfronteiriça e fortalecer ações conjuntas diante das mudanças climáticas.
A programação é organizada pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), com apoio da Secretaria de Estado Extraordinária dos Povos Indígenas do Amapá (Sepi).

Durante a abertura, a secretária da Sepi, Sônia Jeanjacque, destacou o caráter inédito do encontro e a relevância do diálogo entre as comunidades amazônicas.
“É um momento de fortalecimento dessas populações, principalmente das lideranças que discutem as mudanças climáticas em diferentes níveis, municipal, estadual, nacional e internacional. Nunca tivemos um debate dessa dimensão, com uma delegação da Guiana Francesa, especialmente de Awala-Yalimapo, um município indígena na fronteira com o Suriname. Também estão presentes representantes do Parque do Tumucumaque, da região do Rio Paru-D’Este, do Oiampi e de Oiapoque. É um diálogo conjunto, construtivo, e vamos aproveitar esses dias para discutir como o governo pode apoiar essas iniciativas e fortalecer o protagonismo indígena nas políticas ambientais e climáticas”, afirmou a secretária.

Sônia também ressaltou que os debates realizados em Macapá serão levados para a COP30, em Belém.
“Esse debate será levado para a COP30. Já temos um grupo de lideranças confirmadas, e nós, como secretaria, levaremos outro grupo. Dessa delegação da Guiana também sairão representantes indígenas que participarão da conferência”, completou.
A vice-prefeita de Awala-Yalimapo, Tiffanie Hariwanari, que participa do evento acompanhada de sua intérprete Mouni Guellati, reforçou a importância da união entre os povos ameríndios para enfrentar os desafios climáticos que afetam toda a região amazônica.
“Em nossos territórios, seja na Guiana Francesa, no Brasil ou no Suriname, é essencial nos reunirmos para fortalecer o diálogo e fazer com que nossas vozes sejam ouvidas. Embora haja fronteiras entre os países, somos um mesmo povo ameríndio, e os impactos das mudanças climáticas nos afetam igualmente”, afirmou Tiffanie, por meio de sua intérprete.

A vice-prefeita também chamou atenção para os efeitos da erosão costeira e do aumento do nível do mar em comunidades guianenses.
“Em Awala-Yalimapo, enfrentamos a erosão costeira e o avanço das águas, que ameaçam nossas vilas e modos de vida. Isso já causa deslocamentos e situações de vulnerabilidade que chamamos de refugiados climáticos. Esses fenômenos estão sendo agravados pelo aquecimento global e pela ação humana, o que torna urgente essa mobilização entre nossos povos”, completou.
O evento segue até sexta-feira (10), com mesas de debate, rodas de conversa e apresentações culturais, consolidando o diálogo entre Brasil e França em defesa dos povos indígenas e da Amazônia.
Comentários: