O Amapá deu um passo histórico na saúde pública ao iniciar, pela primeira vez, sessões de radioterapia em pacientes oncológicos no próprio estado. O atendimento começou nesta terça-feira, 17, no Centro de Radioterapia do Estado, inaugurado há alguns dias e já em pleno funcionamento após um período inicial dedicado à triagem, exames e avaliações especializadas.
A implantação do serviço encerra uma longa espera de pacientes que, até então, precisavam sair do Amapá para dar continuidade ao tratamento. Agora, o cuidado acontece mais perto de casa, garantindo conforto emocional, apoio familiar e um acompanhamento mais humanizado durante a luta contra o câncer.
O primeiro paciente a realizar a radioterapia no estado foi João Cardoso Pantoja, de 73 anos, acompanhado da esposa e da filha. Diagnosticado com câncer em 2019, ele já havia passado por cirurgias e sessões de quimioterapia na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), do Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (Hcal). A possibilidade de seguir o tratamento no Amapá trouxe alívio e esperança.
“Esse tratamento seria feito fora do estado. Quando soube que aconteceria aqui, fiquei muito feliz. Sempre quis estar perto da minha família. Fui bem acolhido e estou confiante de que tudo vai dar certo”, relatou João.
A filha, Ciléia Cristina, destacou a trajetória de enfrentamento da doença e a importância do novo serviço. “Foram anos difíceis, com muitos efeitos colaterais. Existia medo, mas a equipe explicou tudo com clareza e nos passou segurança. Ter esse tratamento no nosso estado é um grande presente”, afirmou.
Outro paciente atendido no primeiro dia foi Pedro do Nascimento Almeida, em acompanhamento oncológico desde 2021. Após anos aguardando a radioterapia e com autorização para tratamento fora do Amapá, ele comemorou a realização do procedimento no próprio estado. “Esperei muito por esse momento. Saber que não preciso mais viajar para tratar foi uma alegria enorme. Hoje começo a radioterapia muito satisfeito”, disse.
A secretária de Estado da Saúde, Nair Mota, acompanhou o início das sessões ao lado do secretário adjunto de Atenção Hospitalar, Rinaldo Martins. Para a gestora, o início do serviço representa mais dignidade e cuidado com os pacientes.
“Vivemos um dia histórico. Poucos dias após a inauguração, já iniciamos as sessões de radioterapia. Isso significa acolhimento, qualidade e a possibilidade de o paciente fazer todo o tratamento perto da família. É um compromisso do governador Clécio Luís que agora se torna realidade”, destacou.
Antes de chegar à sessão, os pacientes seguem um fluxo rigoroso de atendimento. O encaminhamento parte da Unacon, seguido de acolhimento, cadastro, triagem clínica, exames e consulta médica no Centro de Radioterapia. Nem todos os pacientes encaminhados realizam o procedimento, já que a indicação é definida após avaliação especializada.
Confirmada a necessidade, o paciente passa pela tomografia de simulação, etapa essencial para o planejamento do tratamento. As imagens são analisadas por médicos radio-oncologistas e físicos médicos, responsáveis por cálculos e ajustes técnicos que garantem precisão e segurança.
O físico médico Fernando Japiassu explicou que cada tratamento é planejado de forma individualizada. “Após a tomografia de simulação, realizamos todo o planejamento técnico, definindo doses e campos de radiação específicos. Cada paciente recebe um tratamento único, seguindo protocolos rigorosos de segurança”, explicou.
A implantação do Centro de Radioterapia recebeu mais de R$ 30 milhões em investimentos, fruto de parceria entre o Governo do Amapá, o Ministério da Saúde e a bancada federal, com destaque para o senador Davi Alcolumbre e o deputado federal Dorinaldo Malafaia, que acompanharam todo o processo de liberação dos recursos.
O serviço é administrado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e operado pelo Hospital de Amor, referência nacional no tratamento oncológico. Com o início das sessões, o Amapá consolida um novo capítulo na assistência ao câncer, garantindo acesso a um tratamento essencial com qualidade, segurança e humanidade.


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